21/03/2022

O que é sororidade

O QUE É SORORIDADE?

Segundo informações do site Saúde Plena, a cada três horas, uma mulher é estuprada no Brasil. No mundo, a violência doméstica mata cinco mulheres por hora. Apenas 5% dos cargos de chefia em empresas são ocupados por mulheres. O salário da mulher é 24% mais baixo que o do homem na mesma função. As mães ainda fazem quase duas vezes e meia mais trabalho doméstico e de cuidados com os filhos e filhas que seus companheiros. 

São dados chocantes, né? Saiba como a sororidade pode ajudar a diminuir essas estatísticas.

 

Quando surgiu o termo sororidade?

O termo sororidade vem do latim sóror, que tem como significado, irmãs. A palavra foi utilizada dentro do movimento feminista pela primeira vez, pela escritora Kathe Millet. Desde então, o feminismo usa o termo para trazer a ideia de irmandade e aliança entre as mulheres de forma interseccional, ou seja, independente de etnia, classe social, religião, etc. 

A pioneira do termo, Katherine Murray Millett, foi uma escritora, artista, educadora e ativista feminista estadunidense. Kathe é considerada uma das maiores influências feministas da segunda onda do feminismo e foi uma das primeiras escritoras a descrever o conceito moderno de patriarcado.

 

Qual a diferença entre feminismo e sororidade?

O feminismo é um movimento político que visa emancipar, libertar e acolher mulheres. Já a sororidade é o termo utilizado para estabelecer a união entre mulheres e baseia-se na empatia, acolhimento e companheirismo com o foco de alcançar um objetivo em comum. Podemos dizer que a sororidade, portanto, está inserida dentro do contexto feminista.

 

Qual a importância da sororidade?

Nós fomos socializadas para acreditar e enxergar que outras mulheres são uma ameaça e não uma aliança. Essas informações podem vir através de mensagens no dia a dia como novelas e filmes ou em um processo de enraizamento desses conceitos como a  cultura, estrutura familiar, enfim, são conceitos passados de geração em geração, e que influenciam nosso olhar sobre as outras e sobre nós mesmas. 

Nós fomos condicionadas a disputar constantemente a atenção por homens, espaço no mercado de trabalho e quem tem o corpo mais bonito…Saiba que nada disso é por acaso. Existe uma motivação para esse condicionamento, até porque nós sabemos a força que temos juntas, e não seria interessante para o patriarcado nos ver unidas, certo?

E é por isso que a sororidade é tão importante. Ela faz tirarmos as vendas de nossos olhos e enxergar a raiz do problema e dessa opressão. Quem fez você odiar a ex do seu namorado só por ela existir? Quem fez você acreditar que seu corpo é menos atraente do que o da fulana? Quem te pressiona todos os dias para atacar ao invés de acolher outras mulheres? Porque de repente nós somos as caçadoras das nossas próprias bruxas? Pense nisso.

 

Como praticar a sororidade?

Esqueça o termo bonito, o foco é o acolhimento, escuta e respeito pela nossa história e de outras mulheres. Praticar a sororidade vai muito além de postar #girlpower nas redes sociais. É sobre investigar as motivações, respeitar as decisões e história de cada uma. Grande parte das vezes você vai perceber que nós (ou elas) não somos as verdadeiras vilãs da história.

 

Não seja omissa

Se você presenciar alguma violência contra mulher, denuncie! Seja ela verbal, psicológica, patrimonial ou física. Isso também vale para exposição de fotos ou vídeos íntimos na internet, caso receba-os, apague e denuncie o infrator. Se coloque no lugar da vítima. Para denunciar ligue na central de atendimento à mulher, 180 ou dirija-se a uma unidade mais próxima de delegacia da defesa da mulher. Confira as unidades disponíveis em São Paulo, aqui.

 

Seja uma rede de apoio para outras mulheres

Não adianta, tem coisas que só nós vamos entender. O medo de pegar um carro de aplicativo sozinha, pensar duas vezes antes de usar alguma roupa, porque você sabe que da porta pra fora está vulnerável, não tomar cuidado com o copo na balada? Nem pensar! Trocar nudes com o parceiro? Talvez não seja uma boa ideia, e se ele decidir vazar algo íntimo, a culpa vai ser de quem mesmo?  São tantas histórias, todos os dias, sobre como estamos expostas as garras do machismo, que quase todo movimento é friamente calculado. Isso é viver?

Nós precisamos de uma rede de apoio. Falar com outras mulheres, dividir experiências e encontrar em nós, conforto e empatia de quem também passa por isso todos os dias. Fale com amigas, escute as histórias da sua mãe, avó e tias. Grupos de facebook também são uma ótima rede apoio e existe grupo pra tudo: maternidade, looks, relacionamento, sexo… Escute e se conecte com outras mulheres, tenho certeza que você vai encontrar mais semelhanças do que imagina.

 

Não enxergue outras mulheres como rivais

Longe de abraçar todas as outras mulheres ou amá-las incondicionalmente, você não é obrigada a gostar de uma mulher que te fez mal apenas para praticar a sororidade. Não é sobre isso. Sororidade é sobre questionar o porquê você não gosta da ex do seu namorado ou daquela colega de trabalho. Existe uma motivação real e plausível? Ou você apenas espelha as inseguranças que foram projetadas em você? 

 Nosso corpo e nosso espaço não é um campo de batalha, nós não somos rivais.

 

Não critique sem saber antes

Todas nós tivemos histórias, experiências e até mesmo traumas diferentes. O mundo todo julga qualquer passo nosso fora curva, e assim… o mundo todo é muita gente, realmente precisa de mais julgamento? Em uma sociedade cercada de privilégios e desigualdades, o mínimo que nós podemos fazer umas às outras é entender as motivações antes de julgar.

É muito comum que em relacionamentos abusivos, por exemplo, nós tomemos uma posição de julgamento e crítica direcionadas à mulher, frases do tipo “nossa, mas é só terminar” “se ainda não largou é porque gosta de sofrer”, são bem comuns e completamente equivocadas. Vale lembrar que o relacionamento abusivo confere uma série de violências, dentre elas, a psicológica que muitas vezes faz com que a vítima fique presa na relação, isso sem contar as ameaças, o medo quando há filhos e a situação financeira que pode influenciar na decisão da mulher na hora de denunciar.

 

Empodere outras mulheres

Falando em privilégios, que tal ajudar quem ainda não teve a oportunidade de chegar lá? Se você está nessa posição, dê voz a outras mulheres, aumente seu círculo social com presença feminina, apoie empresas criadas por mulheres e não seja omissa em situações machistas, não é sua obrigação, mas muitas vezes nós só temos nós mesmas.

 

Seja uma liderança feminina

"Para as mulheres que são taxadas de agressivas: Continuem sendo assertivas!

Para as mulheres que são taxadas de mandonas: Continuem liderando!

Para as mulheres que são taxadas de difíceis de lidar: Continuem mandando a real!

Para as mulheres que são taxadas de exageradas: Continuem ocupando espaços!

Para as mulheres que são acusadas de fazer climão: Continuem fazendo perguntas difíceis e desconfortáveis!”

  • Autor desconhecido.

 

Não tenha medo de ocupar espaços de liderança, o seu lugar é onde você quiser e ninguém pode dizer o contrário. Nós precisamos debater sobre o quanto nós acreditamos que temos que nos preparar mais do que os homens e convencer outras pessoas de que somos competentes. 

 

Conclusão

Você com certeza já ouviu que mulheres são mais falsas, invejosas e estão sempre prontas para dar uma rasteira, certo? Nesse artigo nós mostramos a importância de desmistificar isso e unir forças a quem sente na pele o que vivemos: mulheres.

O mito da rivalidade feminina pode prejudicar ainda mais a nossa tão sonhada emancipação e nosso posicionamento como mulher na sociedade. A sororidade trata-se de um conjunto de ações que possuem o objetivo de unir e criar uma rede de apoio a outras mulheres. 

Comece hoje a praticar, envie esse artigo para aquela amiga que quer entender o que é sororidade!

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